segunda-feira, 4 de maio de 2009

REVOLUÇÃO TECNOCIENTÍFICA


Vivemos uma revolução tecnocientífica. A rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação (computadores, telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar o comércio de transações financeiras entre países.
Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo.
Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para 1,5 milhão. Uma ligação telefônica internacional de três minutos, que custava cerca de US$ 200 em 1930, hoje em dia é feita por US$ 2.
O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, é de cerca de 100 milhões e tende a duplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no mundo. E o maior uso de satélites de comunicação permite que alguns canais de televisão, como as redes de notícias CNN e BBC e a MTV, sejam transmitidos instantaneamente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes.
Sabe o que é desemprego estrutural?
A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos. Nessa reestruturação estão sendo eliminados vários postos de trabalho. Uma das causas desse desemprego é a progressiva automação de vários setores, em substituição à mão-de-obra humana.
Caixas automáticos tomam o lugar de pessoas na função de caixas de bancos, fábricas robotizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem de datilógrafos e contadores.
Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslocamento das fábricas para os países com custos de produção mais baixos. Não há mais compromisso com uma sociedade trabalhadora. A mão-de-obra pode ser selecionada entre os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Lugares onde há o menor salário, menos direitos trabalhistas e outros pontos que desagregam as sociedades de classes enfraquecendo-as nas reivindicações. Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 28 de março de 2004, Fabio Schivartche afirma que a globalização, vista do ângulo de um processo de integração da economia mundial, “está agravando um problema que, em tese, estaria enterrado nos livros de história: a exploração do trabalho escravo.” Analisa ponderações de Roger Plant, chefe do Programa Internacional de Combate ao Trabalho Escravo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e um dos maiores especialistas do assunto no mundo.
O crescente desemprego tende a empurrar a população pobre para o trabalho escravo, alimentado-o. Plant adverte que este não pode ser visto como responsável direto. “Pessoas em situação vulnerável de pobreza podem estar mais aptas a aceitar qualquer oferta de trabalho.”
O governo FHC divulgou o número provável de trabalhadores mantidos em regime de escravidão no Brasil: cerca de três mil. O atual governo divulgou nota com um total de 25 mil. Diz o especialista que não há discrepâncias entre os números: "Ninguém mentiu. Mas quanto mais as equipes de fiscalização procurarem, mais vão encontrar.” O trabalho escravo é uma realidade em todos os países do mundo.Os imigrantes ilegais exercem várias formas de trabalho forçado. Pelas estatísticas, há um universo de mais de um milhão de pessoas que trabalham nesta condição.
Estamos muito modernos. Agora temos “desemprego absoluto e crônico”
A questão do desemprego estrutural é mais visível nos campos das macro e da microeletrônica. Com a eliminação dos limites técnicos, cada vez mais surgem possibilidades infinitas de reproduzir os movimentos humanos mais complexos.
O rápido desenvolvimento tecnológico abriu espaço para novas forças produtivas, ultra-especializadas, nascido como conseqüência do capital transnacional, conhecido como capital potenciado.
Pessimismo latente expressa Adriano Sella, em Globalização neoliberal e exclusão social (2002). Para Sella, o desemprego agrava-se porque houve a total mudança de ideais de vida nas sociedades e, nesta mudança está a diferença, pois o novo habitat dos povos não é mais a terra, mas sim, as cidades. Nelas, as relações com a sobrevivência mudaram radicalmente. Se antes o homem buscava a sobrevivência e a paz, nos centros urbanos precisam de trabalho remunerado e do comércio “para comprar tudo aquilo de que precisam para sustentar a própria vida”.
O homem urbano mudou seus objetivos e trocou a sustentação pela acumulação.
Então, o objetivo atual da vida econômica não é mais sustentar a vida do povo, mas acumular riqueza, ou seja, lucrar sempre mais. O mercado livre inaugurou uma verdadeira competição entre as pessoas para um conseguir lucrar mais que o outro (SELLA, 2002, p. 33).
E agora?

Visualidade e visibilidade no ciberespaço

"Acordar não é de dentro. Acordar é ter saída".
João Cabral de Melo Neto

Desterritorialização
Esse é século da velocidade crescente. Propiciada pelas novas tecnologias de comunicações, a envolver mercados, fluxos de capitais, as trocas de idéias e imagens, conceitos de arte, visualidade, sociabilidade. Nesse campo já se impõe a dissolução de fronteiras. Assistimos a discussões intermináveis e tensos diálogos entre o local e o global, cultura, real e virtual, a ordem e o caos. Pensadores otimistas e pessimistas. E a tecnociência continua a romper as barreiras entre a ficção científica e as possibilidades.
O avanço célere possibilitou e agilizou o processo de globalização . O ponto central localiza-se na integração de mercados “numa aldeia global, explorada por grandes corporações internacionais”
Explica Dowbor (2002, p. 146)
Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias que existiam para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Este processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informações. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países.
O rápido avanço das tecnologias de comunicações (telefones, computadores e televisão, gps) acelera ainda mais o processo de globalização e busca a convergência. Todas as facilidades e agilidade das novas tecnologias em pequenos e micro aparelhos. Isso porque, as fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Sobral (2002, p. 140) explicava globalização como tendência à unificação dos países. Numa reestruturação geopolítica sem precedentes.
Globalização é a tendência crescente de unificação de todos os povos da terra, tornando-os cada vez mais interdependentes tanto em termos econômicos quanto socioculturais.
Os estudos sobre a globalização envolvem um campo multidisciplinar recente, mas os processos de globalização não. A maioria dos artigos escritos sobre o assunto declara que o processo de globalização teve início com as grandes navegações. Um espaço de tempo que conta mais de mil anos. Os dados mais recentes da globalização são os avanços recentes e ampliação das inúmeras áreas afetadas.
Holgonsi Soares, professor do Departamento de Sociologia e Política da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, publicou artigo no jornal A Razão, em 27 de junho de 1997, chamado “Globalização – sobre a desterritorialização”. Comenta que um dos sintomas mais perversos da globalização é a perda de sentido de território, ficando mais evidente no contexto do trabalho. As empresas não possuem mais um espaço interior físico, pois esse muda constantemente. Aparece a redução do emprego regular, que faz o trabalhador passar por várias outras empresas, serviços e cargos. O desemprego leva o trabalhador a migrar para outras cidades, estados, países, num ritmo estressante e constante.
Para os multiqualificados, um tempo maior (quem sabe poderão até fixar domicílio); para os desqualificados, migrações aleatórias, e um "alojamento"provisório. O "telecommuter" (trabalhador que não comparece à sede da empresa), trabalha em casa, em escritórios satélites ou em centros de trabalho, apenas acessando ao "servidor"da empresa.
Os produtos. Muitas vezes não sabemos onde começou ou terminou a fabricação. Se com um trabalho dignamente remunerado, ou escravo. Matéria-prima, produção, distribuição em mãos diferentes. Do vestuário ao automóvel, um lugar corresponde um pedaço. O mundo globalizado, é o reino das Corporações Transnacionais. O monopólio supera os limites geográficos e está disperso em "n" locais; elas produzem de tudo. Preocupação: gerar necessidades de consumo (SOARES, 1997).
Desterritorialização constitui-se em ausência de um ponto de referência exato. Tudo se torna mundial, e constantemente em trânsito. Na era da mídia eletrônica, a sociedade econômico-financeira vive o momento da certeza da incerteza, segundo o professor. O homem em sociedade havia se acostumado a resolver e viver tudo na questão de espaço: econômico-financeiro, físico, geográfico, sócio-político, econômico e psicológico.
O primeiro sinal reconhecido de globalização surgia claro e nítido no ambiente projetado em sua própria casa, a mídia audiovisual com seus fragmentos ininterruptos de imagens e "dobrando o espaço sobre si próprio". Na mídia instantânea o homem está em contato com lugares e situações distantes. A exposição vertiginosa nos desafia à compreensão da realidade e de nosso próprio espaço em relação ao presente.
Toda a sociedade e cada indivíduo se sentem expostos. Para ele a conseqüência é a desarticulação do sujeito, por não conhecer mais o seu lugar no mundo. O espaço público é desmontado. Onde antes havia concentração de indivíduos, o que favorecia a ação política, hoje há dispersão.
A desterritorialização é uma característica da sociedade global que se organiza neste final de século. Dependendo da região, com maior ou menor intensidade. Não se trata de evitá-la, pois é uma realidade, mas sim de como vivenciá-la. Isto é positivo, pois trata-se de um desafio que exige um rompimento com o marasmo e com referenciais ultrapassados que há muito se instalaram nas Ciências Humanas. (...) É a inexatidão nos circuitos do dinheiro, da informação, da comunicação e da vida, que estimulam a desterritorialização, e conseqüentemente, a globalização.
Em seu processo de aceleração, a globalização modifica e condiciona os processos comunicacionais. A produção e veiculação de diversas mensagens e formas de comunicação, inclusive as noções de tempo e de espaço e arte: muda o sujeito cognoscente. Rompe-se a linha programada: da fonte ao emissor. Redefine-se a antiga lógica da retroalimentação.
Mário José Lopes Guimarães Jr. Lembra:
A Internet, em decorrência (pelo menos em nível técnico) da flexibilidade, eficiência e gratuidade de seu protocolo (TCP/IP) acabou englobando todas as redes de computadores existentes até então. No entanto, nunca é demasiado recordar que redes de computadores com características de ciberespaço já existiam antes do advento da Internet (GUIMARÃES JR.,1997).

Ciberespaço
Porém, a vulnerabilidade e exposição às intempéries da globalização econômica não parecem preocupar os internautas usuários de endereços eletrônicos (emails) e sites de relacionamento. A comunicação mediada não parece preocupar grande parte da sociedade. As inseguranças desaparecem quando da utilização pessoal, do acesso à Internet e dá lugar à curiosidade e ao prazer de sentir-se parte do que Levy chamou de ecossistemas de idéias. Ao acessar a Internet, um entusiasmado professor costuma “brindar” sua “entrada” com a exclamação:
- Pronto! Estou ligado ao mundo!
Ciberespaço é um território consensual. Ou uma alucinação consensual, como o definiu Gibson (1984, p. 51), localizado na dimensão comunicacional. A representação física da falta de espaço geográfico, da demarcação de território. Oportunidade revolucionária de falar e ser notícia, de espiar, de se informar, de conhecer, se relacionar, de exercer o voyerismo.
Ao contrário do que preconizavam alguns teóricos, os sujeitos querem estar e sentir-se expostos. Nas redes sociais e nos blogs, surge a oportunidade da articulação do sujeito, de marcar território, de conhecer o conquistar um lugar no mundo. O espaço público é remontado. Volta-se possibilidade da concentração de indivíduos, de favorecimento a ação política, de legitimação político-social de grupos antes marginalizados.
No ciberespaço, todos têm a oportunidade de se comunicar mais, se “socializar” mais, encontrar, espiar e conviver num espaço conceitual criado pelas comunicações mediadas por computador.